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O perigo das drogas K – Droga Zumbi

O perigo das drogas K2, K4, K9 e Spice - Droga Zumbi

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As chamadas “substâncias K”, identificadas no cenário urbano como K2, K4, K9 e spice, representam compostos químicos de síntese elaborados em laboratórios, apresentando elevado potencial de impacto negativo. Essas substâncias vêm ganhando presença nas vias da metrópole de São Paulo, atraindo a atenção das autoridades governamentais.

Na presente semana, o programa Profissão Repórter revelou a disseminação e os diversos modos de consumo dessas substâncias, destacando sua utilização em um terminal de transporte público localizado na Zona Leste da capital paulista. Relatos provenientes de usuários e seus familiares expõem de maneira irrefutável os malefícios decorrentes.

Apesar de terem adquirido notoriedade como “cânhamo artificial”, especialistas enfatizam que essa denominação não é apropriada, uma vez que pode criar uma falsa impressão sobre os riscos intrínsecos ao seu funcionamento no organismo.

Uma criação com efeitos devastadores aos usuários

A substância sintética em crescimento no Brasil e no cenário global surgiu originalmente como um experimento mal sucedido no campo terapêutico. Ela representa mais uma manifestação do que é conhecido nos Estados Unidos como “drogas de designer”, um termo cunhado nos anos 80 para designar substâncias sintéticas acidentalmente criadas em laboratórios de empresas farmacêuticas.

Estes compostos têm como base os canabinóides sintéticos. Para simplificar, isso significa que os canabinóides fabricados em ambientes controlados se conectam aos mesmos receptores cerebrais que a maconha convencional, mas com uma potência até 100 vezes superior. Segundo informações do governo de São Paulo, os efeitos desta substância podem ser ainda mais prejudiciais do que os do crack.

O que as drogas k provocam no corpo?

k2-spice-droga-sintetica

Os impactos decorrentes do uso das substâncias K sobre o organismo humano ainda apresentam muitos mistérios, mas especialistas identificam vários sintomas associados a elas:

  • Desenvolvimento de vício
  • Afeta diversas áreas do corpo
  • Potencial para agravar sintomas de depressão
  • Aumento da taxa de batimentos cardíacos
  • Manifestação de acessos de raiva e agressividade
  • Desencadeamento de paranoia
  • Intensificação de estados de ansiedade
  • Ocorrência de alucinações
  • Risco de convulsões
  • Possibilidade de disfunção renal
  • Suscetibilidade a arritmias cardíacas
  • Risco de óbito

“Essas substâncias possuem efeitos potencialmente perigosos, representando não apenas uma ameaça para os usuários, mas também para aqueles que convivem com eles, já que o comportamento agressivo pode se manifestar. As substâncias K são inerentemente perigosas, e ao rotulá-las como maconha, minimizamos erroneamente seu potencial. Por exemplo, é raro ouvir sobre casos de overdose de maconha.”

Sua Potência é 100 vezes maior que a da maconha

As conhecidas substâncias ilícitas têm como base os canabinoides sintéticos. A explicação pode ser técnica, mas, em resumo, significa que o canabinoide produzido em laboratório se une aos mesmos receptores cerebrais que a maconha convencional, porém, com uma potência até 100 vezes superior. Conforme informações das autoridades em São Paulo, os efeitos dessa substância podem ser ainda mais devastadores do que os associados ao crack.

 

Uma usuária, que preferiu manter sua identidade em sigilo, compartilhou sua vivência: “Tenho 23 anos e sou mãe de três filhos. Estou chegando ao limite. Já se passaram quase dois anos desde que comecei a fazer uso desse entorpecente. Esta substância nos aprisiona”, desabafou.

Quando e como surgiram as drogas K?

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Nos anos 80, o cientista norte-americano John W. Huffmann iniciou a síntese de canabinoides com o objetivo de desenvolver medicamentos para aliviar o sofrimento de pacientes. A pesquisa contava com financiamento do Instituto Nacional de Abuso de Substâncias dos Estados Unidos. A equipe de Huffmann teria criado mais de 400 compostos de canabinoides sintéticos.

Em uma entrevista concedida ao jornal “The Washington Post” em 2015, Huffmann revelou que sintetizou um composto em 1993 e compartilhou sua fórmula por meio de uma série de artigos e publicações.

Em 2008, esses compostos foram identificados em um laboratório forense na Alemanha. Os fabricantes os incorporaram em folhas de plantas e os comercializavam sob o nome de “spice.”

Até abril deste ano, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo havia registrado 216 notificações de casos suspeitos de intoxicação causada por canabinóides sintéticos, representando mais do que o dobro das 98 notificações registradas em 2022. Essas notificações englobam tanto a rede pública quanto a rede privada de saúde.

O desafio que as drogas K representam

Devido à complexidade da fiscalização, traficantes costumam mesclar essas substâncias em preparações como chás, com o intuito de tornar sua detecção mais desafiadora.

Jovens e adolescentes circulam em grupos pelas vias urbanas, deslocando-se para diversas localidades sem se fixar em pontos específicos, o que torna a rastreabilidade e o acolhimento mais complicados.

Considerando o potencial de danos significativos aos usuários, essas substâncias apresentam um potencial prejudicial extraordinariamente alarmante.

A disseminação difusa dessas substâncias por parte de microtraficantes é uma preocupação legítima.

A persistência na dependência pode levar à prática de crimes para sustentar o vício.

Os diferentes nomes e formas de se consumir as Drogas K

K9, K2 e K4 são denominações atribuídas à mesma substância entorpecente. A variação reside na forma de administração, que inclui:

  • Impregnado em papel;
  • Apresentado em selos ou micropontos;
  • Inalado diretamente por meio de uma pipeta;
  • Misturado a ervas para consumo como cigarro;
  • Combinado com sais para inalação.
Curiosamente, alguns desses produtos são comercializados como incenso, embora a embalagem contenha advertências expressas contra o uso para fumar ou inalar. No entanto, muitas pessoas que os adquirem estão cientes disso e acabam utilizando-os para esse propósito. Até recentemente, essas substâncias não eram classificadas como drogas em sentido estrito, pois não eram amplamente reconhecidas como tais.

Como a matéria prima das drogas K chegam no Brasil?

Os componentes utilizados na produção da substância ilícita entram no Brasil de maneira clandestina, através de portos, aeroportos e fronteiras terrestres. No país, esses elementos frequentemente são adulterados até mesmo com pesticidas. Além disso, ocorre contrabando interno que engloba desvios associados a empresas farmacêuticas. Esses componentes são então processados e transformados em um líquido transparente que pode ser pulverizado em qualquer objeto consumível.

Maconha sintética: quais os efeitos das drogas K no organismo?

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Nos últimos meses, a “maconha sintética” – também identificado como K2, K9 ou spice, entre outras denominações – têm emergido como uma grande inquietação em âmbito nacional, à medida que as apreensões por parte das forças policiais e o número de usuários em grandes centros urbanos vêm aumentando.

A ciência já tem conhecimento dessas substâncias por, no mínimo, três décadas, tendo sido originalmente desenvolvidas e pesquisadas como potenciais tratamentos para diversos problemas, incluindo dores crônicas.

Ao longo do tempo, esses produtos acabaram sendo absorvidos pelo mercado ilícito e, hoje, traficantes os comercializam como substâncias extremamente potentes, cujos efeitos podem ser imprevisíveis.

Mas, em resumo, como as substâncias K atuam no organismo? Um especialista esclareceu o processo pelo qual essas substâncias percorrem o corpo e como isso está correlacionado com todas as manifestações e possíveis efeitos adversos associados ao seu consumo.

A origem das drogas K

Um especialista em toxicologia explica que os canabinoides de síntese formam um conjunto de novas substâncias entorpecentes que conquistaram destaque no mercado ilegal global.

“Para se ter uma noção, as autoridades policiais de diversos países já identificaram mais de 300 canabinoides sintéticos distintos”, estima.

Como previamente explicado, a premissa inicial dos pesquisadores consistia em criar, ou reproduzir quimicamente em laboratório, a fórmula dos principais elementos da Cannabis sativa, conhecida como maconha. Dentre esses elementos, um dos principais alvos era o Tetrahidrocanabinol, abreviado como THC.

O objetivo subjacente a essas investigações científicas era minimizar ou eliminar os efeitos psicoativos dessas moléculas, preservando, ao mesmo tempo, suas potenciais aplicações terapêuticas.

Os canabinóides de síntese, então, foram meticulosamente concebidos em ambiente laboratorial, de modo a imitar uma estrutura química semelhante à do THC, embora com modificações sutis nas cadeias de carbono, oxigênio, hidrogênio e outros elementos.

Toda essa pesquisa se baseou em estudos realizados a partir dos anos 1960, que revelaram os sistemas endocanabinoides que existem no corpo humano.

Em resumo, as células que compõem o sistema nervoso no cérebro, medula e nervos periféricos contam com receptores específicos onde algumas moléculas se encaixam.

Esse processo se assemelha à ação de uma chave em uma fechadura: os receptores funcionam como as fechaduras, e as moléculas, como as chaves.

Quando essas duas partes se encontram — ou seja, chave e fechadura; moléculas e receptores —, isso aciona uma série de reações subsequentes.

“Em nosso corpo, existem três possíveis componentes que interagem com esses receptores nas células do sistema nervoso”, relata o psiquiatra.

O primeiro deles corresponde aos endocanabinoides, que são neurotransmissores produzidos pelo próprio organismo.

“O segundo grupo consiste nos fitocanabinoides, originados a partir da maconha. Os terceiros são os canabinóides de síntese, fabricados em laboratório”, acrescenta o médico, que possui quatro décadas de experiência em pesquisa sobre dependência química.

A interação entre moléculas e receptores pode resultar em uma ampla variedade de desdobramentos. No caso dos endocanabinoides, produzidos naturalmente pelo corpo, esse processo é essencial para regular aspectos como humor e comportamento emocional, entre outros.

No entanto, o uso da Cannabis leva a “alterações na percepção e nas sensações subjetivas de relaxamento.”

“Os resultados variam de pessoa para pessoa e dependem do tipo de maconha utilizada”, elenca.

“Alguns usuários também podem experimentar dificuldade de concentração e ideias paranóicas ou persecutórias”, acrescenta.

Por outro lado, os canabinoides sintéticos desencadeiam efeitos muito mais intensos e imprevisíveis, devido à sua potência superior, como será elucidado nos próximos parágrafos.

“Indivíduos que consomem drogas K podem inicialmente experimentar grande prazer e relaxamento, porém, com frequência, essas sensações são seguidas por confusão mental, aumento da ansiedade, taquicardia, perda de coordenação motora, psicose e convulsões”, detalha.

“Em alguns casos, o desfecho pode ser fatal”, alerta o especialista em toxicologia.

A grande complexidade reside na diversidade de tipos de canabinoides sintéticos: devido à falta de regulamentação nesse mercado e à facilidade de manipular as fórmulas químicas em laboratórios, até mesmo uma simples modificação da substância pode resultar em um novo entorpecente com efeitos graves ou desconhecidos.

As drogas K do pulmão à cabeça

Os canabinoides sintéticos são disponibilizados em várias formas de apresentação. Após o processo de fabricação em laboratório, um líquido é comumente pulverizado em diferentes tipos de ervas secas, como o capim comum ou folhas de papel.

Certos produtores acrescentam ervas aromatizadas e incensos ao produto final, que é então embalado em sachês antes de chegar ao consumidor sob diversos nomes comerciais, tais como K2, K9, spice…

“Os usuários preparam essa mistura em cachimbos ou cigarros para consumo”.

Existem versões específicas voltadas para uso em cigarros eletrônicos.

A substância é inalada pela boca, alcança os pulmões, onde é absorvida e introduzida na corrente sanguínea. “A partir daí, é rapidamente transportada para o cérebro do indivíduo, onde produzirá seus efeitos”, esclarece o especialista em toxicologia.

Você já deve ter ouvido falar que essas substâncias são “100 vezes mais potentes que a maconha”. Mas o que isso realmente significa?

“Os canabinoides sintéticos acionam um processo químico que é denominado de ‘agonista total do receptor’. Isso significa que as moléculas ocupam os receptores das células de forma intensa e abrangente”.

Isso implica que a ligação entre essas substâncias e os receptores endocanabinóides das células nervosas é muito mais forte e intensa em comparação com a que ocorre com os neurotransmissores naturais do corpo ou com a maconha.

Do ponto de vista químico, os cientistas mensuram essa força por meio de um conceito conhecido como “afinidade de ligação”. Essa medida avalia o grau de afinidade entre uma molécula e um receptor — quanto mais intensa a conexão, menor será o número resultante nessa avaliação.

De acordo com fontes especializadas, a afinidade de ligação do THC (um dos componentes da maconha) com os receptores das células nervosas é de 10,2 nM (nanomolares).

Por outro lado, o HU-210, um dos canabinoides de síntese pertencentes ao grupo dessas substâncias, apresenta um valor de 0,06 nM.

Isso significa que, na prática, ele se vincula aos receptores nervosos de forma aproximadamente 100 vezes mais intensa do que a maconha.

“Essa ligação é responsável por desencadear uma série de efeitos que têm sido amplamente noticiados, nos quais a pessoa entra em um profundo estado alterado de consciência e perde a noção de si mesma”.

Segundo o psiquiatra, a diferença entre os efeitos dessas substâncias e da maconha, com devidas proporções, pode ser comparada à distinção entre beber um copo de cerveja e consumir meio litro de absinto. “Mesmo que a substância seja semelhante, seu efeito no organismo pode ser diverso e levar a comportamentos completamente desestruturados.”

Então fica o alerta, o uso dessas substâncias tende a resultar em um aumento dos casos de infarto em adolescentes e adultos jovens, devido às alterações corporais que provocam taquicardia (aceleração das batidas do coração) e outros eventos adversos.

Os ataques cardíacos geralmente são mais comuns em indivíduos com mais de 50 anos e costumam estar relacionados ao estilo de vida e a condições crônicas, como colesterol elevado, obesidade, diabetes e hipertensão.

Por fim, é importante ressaltar que todos esses efeitos dessas substâncias podem persistir por um período que varia de uma a seis horas, dependendo da formulação específica.

Como resolver o problema das drogas K?

Foi observado que ao longo da história, a intensificação das restrições a algumas substâncias têm como consequência a emergência de métodos mais perigosos de consumo de entorpecentes.

“No final do século 19, as indústrias farmacêuticas desenvolveram em laboratório um medicamento que supostamente resolveria o problema do ópio: a morfina”, destaca.

“Dez anos depois, a morfina havia gerado um problema de saúde ainda mais grave. Então, os laboratórios criaram uma solução para tratar a dependência da morfina: a heroína, que até hoje é uma preocupação em algumas regiões do Hemisfério Norte.”

O profissional menciona outro exemplo: a Lei Seca nos Estados Unidos, que proibiu a venda de bebidas alcoólicas no início do século 20.

“Foi o único momento na história em que foram registrados casos de pessoas que injetaram álcool na corrente sanguínea”, observa ele.

“Isso ocorreu porque, diante da compulsão por álcool e da proibição, as pessoas buscavam maximizar qualquer quantidade disponível.”

Por fim, o especialista em psiquiatria aponta que o aumento do uso de crack está ligado à proibição da cocaína em anos recentes.

“E agora a história se repete com os canabinoides sintéticos: a proibição relacionada à maconha resulta em formas de consumo mais perigosas e potencialmente letais.”

A abordagem para enfrentar o abuso e a dependência de substâncias não deve se basear na proibição. “É necessário focar em grupos de maior vulnerabilidade, como os jovens, e desenvolver ações direcionadas a eles”.

“Entretanto, adotar uma abordagem enganosa, como afirmar que ‘maconha pode matar’, não será eficaz com os jovens.”

“Uma comunicação eficaz sobre as drogas envolve o respeito pela inteligência das pessoas, promovendo diálogos francos e sempre transmitindo informações verídicas”, conclui o pesquisador.